Kiss encerra turnê no Brasil com reciprocidade do público: honrados de tocar para vocês'
Banda norte-americana cumpriu 'protocolo' do setlist sem deixar de contagiar e emocionar fãs em Ribeirão Preto (SP). Quarta apresentação no país antecedeu viagem do grupo para o Peru pela turnê 'End of The Road'.
Se a turnê mundial do Kiss de fato for uma despedida definitiva, a última lembrança que Paul Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer devem levar do Brasil será uma plateia calorosa, que correspondeu até o fim às investidas no palco em Ribeirão Preto (SP).
Com cerca de 20 mil pessoas, a arena no interior de São Paulo, escolhida para encerrar a passagem brasileira dos norte-americanos antes da sequência da turnê "End of The Road" no Peru e na Colômbia, foi cenário de uma reciprocidade que poucas bandas podem se orgulhar de ter.

Os fãs pareciam não acreditar ao ouvir, com sotaque estrangeiro, Stanley pronunciar o nome da única cidade fora das capitais brasileiras a receber os veteranos do hard rock. Os ídolos, por sua vez, presentearam a todos com gratidão e uma entrega total, com direito a guitarra quebrada ao fim da apresentação por Paul Stanley.
"Eu quero dizer uma coisa. Estamos tão honrados de tocar para vocês esta noite", disse o vocalista, antes de embalar um obrigado, em português.


Expectativa e realidade
Os três anos de espera pelo anunciado show em Ribeirão Preto estavam visíveis na expectativa do público, que já ovacionava diante do baixar das cortinas que ostentavam as quatro letras icônicas.
E mais do que pontualmente, às 20h57, Paul Stanley emanava os dizeres consagrados nos shows ao longo de décadas de estrada: "Vocês queriam os melhores e vocês conseguiram os melhores. A banda mais quente do mundo, Kiss."
Dali em diante, as cortinas saíram, as labaredas explodiram e os músicos, descendo em elevadores no palco, cumpriram à risca o "protocolo " da turnê, com o mesmo setlist praticado nas outras cidades.

Em "Detroit Rock City", os fãs acompanharam em coro o solo de Tommy Thayer e na sequência cantaram "Shout it Out Loud" diante de projeções luminosas atravessando a arena. Na pausa, Paul Stanley deu as boas vindas aos fãs comentando sobre o último local escolhido como parte da turnê no Brasil.
"Esta é nossa primeira vez em Ribeirão Preto. Esta noite vocês têm que ficar loucos", afirmou, antes de chamar os gritos do público de todos os lados e de começar "Deuce".
Enquanto Gene Simmons pedia aos presentes para que levantassem as mãos, o telão projetava fotos antigas da banda.

As palmas e os gritos pareciam apenas crescer com "War Machine" e "Heaven's on Fire". Com "I Love it Loud", a síntese da comunicação simples, mas eficaz dos americanos com o público ficou evidente no "hey yeah" correspondido e na reação de todos diante do fogo no contrabaixo de Simmons.
"The Starchild" checou se todos estavam se divertindo antes de a banda seguir com "Say Yeah" e "Cold Gin". Particularmente inspirado, Tommy Thayer levantou os presentes a cada pentatônica acelerada no braço da guitarra enquanto os demais descansavam para o que estava por vir.

Na sequência, Stanley puxaria "Lick it Up", com um dos refrãos mais entoados da noite. A empolgação ainda estava garantida com "Calling Dr. Love" e "Tears are Falling". Mais uma vez, o vocalista reconheceu o envolvimento de todos. "Vocês são demais, demais. Eu amo vocês. Eu amo vocês."
Em "Psycho Circus", o Kiss provocou a loucura dos presentes, chamando a quem quisesse que gritasse como animais diante de um palco repleto de luzes vermelhas.

Músicos nas alturas No momento solo de bateria, Eric Singer já tinha garantido os holofotes com as viradas rápidas, uso das mãos no prato e quando se enxugou enquanto mantinha a percussão apenas com a batida dos pedais. Mas isso não era o suficiente. Aos poucos, a plataforma em que ele estava subiu e as imagens repetidas em azul atrás dele formaram uma visual quase surrealista.
Sem medo de altura, Gene Simmons foi ainda mais acima, e ficou perto de encostar no teto do palco de 23 metros para encenar "God of Thunder" e cuspir "sangue".

"Nós nunca havíamos estado aqui antes, mas vocês são legais. Eu quero chegar lá e estar com vocês. Isso eu posso fazer, mas vocês precisam me convidar", afirmou Stanley, provocando todos a gritar o nome dele bem alto três vezes.
Alçado sobre a multidão até uma plataforma isolada, Paul Stanley primeiro começou "Love Gun", para depois emendar com "I was made for loving you", protagonizando o momento mais dançante do show.

Depois de "Black Diamond", a escuridão tomou conta do palco, mas os fãs já sabiam o que estava por vir e começaram a ligar as lanternas de celular para aumentar o clima de romance com o canção "Beth", com Eric Singer [informação corrigida por sugestão dos internautas] na voz e no piano.
O fim estava próximo, todos sabiam, mas ainda havia muita energia para gastar com "Do You Love Me" e com a apoteótica e, por que não dizer, festiva "Rock and Roll All Nite". Poder se embalar ao som do rock a noite toda era com certeza o desejo da maior parte dos quarentões da plateia, mas, assim como chegou, o Kiss foi pontual na saída às 22h52. "Amamos vocês. Adeus."

